Olá meninas e meninos, como estão?
Pra vocês que acompanham o blog ou me seguem em alguma rede social sabem que há algum tempo fiz meu bc e assumi de vez os meus cachinhos. Isso de uma certa forma repercutiu muito na minha auto estima e na forma de ver a beleza das outras pessoas também.
Infelizmente recebi algumas críticas e palavras ofensivas como "cabelo embaraçado" "cabelo feio" "cabelo duro"...mas o que me deixa mal de verdade são os olhares preconceituosos, não sei por que isso me afeta tanto.
Uma vez fui a igreja, soltei o cabelo como de costume e passei um batom vermelho, da minha casa pra igreja é um pouco longe e por isso passo por muitas pessoas, e de 5, 4 olhavam pra mim com um olhar de "porque ela não prende esse cabelo?". Pode parecer exagero da minha parte, mas foi o que aconteceu, é o que acontece diariamente. Em qualquer lugar que eu vá, muita gente me olha, alguns parecem curiosos, outros assutados. Não consigo entender, mas tento me controlar rs.
Por causa disso resolvi fazer esse post e chamei umas meninas que são empoderadíssimas com seus cachos e pedi pra que elas nos contassem sobre sua relação com seus cabelos. Espero que vocês gostem, e já vou logo avisando, o post vai ser longo haha mas vale a pena ler até o final.
Carol Soares
Blog: Fruticando Moda
1 ano em transição, daí fiz o bc em
janeiro de 2015 e no dia seguinte já coloquei tranças box braids e fiquei com
elas por 1 mês só , daí eu tirei e fiquei com meu cabelo natural só cuidando
mesmo e passando produtos de crescimento capilar , assim como na transição
daí hoje em dia meu cabelo já cresceu
bastante e eu to bem feliz, é claro que quando eu decidi ficar em transição só
minha mãe me apoiou a minha família ficou me criticando até porque não
entendiam bem
mas depois que viram que meu cabelo
tava ficando lindo é claro que todo mundo amou
sempre convivi com o preconceito
igual eu tava voltando da escola um dia e um carro passou e gritaram pra mim ir
pentear o cabelo e ficaram rindo da minha cara, é claro que eu fiquei chateada
na hora, mas eu procuro nunca ligar muito pra isso
Verônica Barros
Blog: Urbana Club
Insta: @v.barross
Canal: youtube.com/veronicabarross
Desde criança agente
passa por situações de preconceito: na escola, no shopping, na rua,... Dói meu
coração imaginar que nesse momento pode ter uma criança tendo que passar por
isso tão novinha. Mas sim, isso começa desde que nascemos. E conforme agente
cresce Vai aprendendo a enfrentar essas barreiras ridículas. Minha mãe e meu
pai, graças a Deus, sempre me ensinaram a lhe dar com isso, e principalmente a
ter orgulho do jeito que Deus me fez. Acho difícil ou impossível um negro nunca
ter passado por qualquer situação de preconceito. Aqueles que nunca
"sentiram na pele", eu penso que são os negros que fingem não ver.
Sim, Porque podem me julgar, dizer que estou louca, mas o que eu mais vejo na
rua, é o próprio negro negando seu irmão. Por medo, por vergonha ou arrogância.
Noto a diferença daqui do Brasil com os Estados Unidos: lá, negro é negro e
pronto. Aqui por medo ou por sei lá o que os próprios negros se auto denominam
: moreno claro, moreno escuro, mulato, é tudo, menos negro. Acho que antes de
cobrarmos respeito dos outros, nós mesmos temos que nos respeitar, e nos amar.
Hoje de fato, parece que as coisas estão melhorando, porque estamos falando
muito mais sobre isso. Coisa que acontecia em proporção muito menor com a
geração anterior a essa. Uma vez lendo uma discussão na internet sobre
apropriação cultural, uma menina branca, disse a seguinte frase: "AGORA
pra VOCÊS, tudo é apropriação e tudo é racismo ", eu sei que tem muita
gente que tem esse pensamento torto como dessa pessoa, a questão não é que
AGORA tudo é racismo. A questão é que AGORA é que estamos falando e AGORA que
estamos reclamando. A sociedade vai ter que aprender a ouvir, e a tratar essa
doença. "Não lutamos por integração ou por separação. Lutamos para sermos
reconhecidos como seres humanos.” Essa frase do Malcolm X resume um pouco a
minha forma de ver o Brasil racista, ou o mundo racista. Não estamos mendigando
amor, mas sim, no mínimo: respeito. SOBRE MEU CABELO: Me lembro de sempre fazer
o que eu achava melhor no meu cabelo. Quando eu era bem pequena , minha mãe
trançava meu cabelo, depois quando criança comecei a passar relaxamento. já fiz
permanente afro também. Depois de adolescente vivi só com escova e relaxamento.
Mas nada disso influenciou na questão de eu me amar como eu era ou no sentido
de amar a minha raça. Admiro esse movimento todo de Assumir os cachos e os
crespos, mas sinceramente eu acho que cada pessoa tem que fazer o que quiser no
seu cabelo. Isso pra mim não tem nada haver com amor às descendências. No
momento estou com vontade de deixar meu cabelo do jeito que ele é, mas amanhã
eu posso mudar de idéia. E pode ter certeza que isso vai acontecer.
Renata Araújo
Insta: @negrasoul_
Faz pouco mais de um ano que eu tomei uma decisão importante na minha vida: voltar aos cachos. Para muita gente, é uma atitude que interfere apenas na estética. Afinal, trata-se de cabelo, certo?! Para mim não é bem assim. Afirmo e reafirmo que passar pela transição capilar também foi um processo de aceitação. Aceitei minha cor negra, minhas origens, minha cultura. A partir desse processo, criei resistência. Eu resisto quando solto meu cabelo crespo, meu black; resisto quando passo todos os dias por olhares tortos e comentários preconceituosos e discriminatórios.
Recentemente eu passei com minha mãe por uma pizzaria próximo à minha casa e ouvi o seguinte comentário: "Eita cabelo de... (o restante da frase não consegui ouvir). Eu parei, pensei... minha mãe até perguntou se aquilo tinha sido comigo. Voltei na pizzaria, falei com o gerente e disse que um de seus funcionários estava muito incomodado com meu cabelo. Argumentei que ele não gostar de cabelo crespo, o problema é totalmente dele, pois ninguém é obrigado a gostar de determinado estilo. Mas a partir do momento que tecem comentários sobre tal cabelo, o problema passa a ser meu, pois eu não sou obrigada a escutar comentários de preconceituosos. Eu sai daquele estabelecimento com a ideia de que naquele momento eu revidei a ação, mas ao mesmo tempo, eu resisti.
Coloquei o depoimento em meu Facebook que, para mim, é um meio de empoderamento de negros, crespos que sofrem injúria racial e racismo nesse país da miscigenação, mesmo que na prática isso não aconteça. Por fim, assim como minha rede social, acredito que outros meios como um blog, serve para promover a resistência.
Durante 10 anos eu alisei meus cabelos, eu não me aceitei. Hoje, em plena ascensão desse meu processo de aceitação quanto mulher negra e crespa, eu apenas digo uma frase do poema "Gritaram-me Negra" de Victória Santa cruz: "já não retrocedo".
Recentemente eu passei com minha mãe por uma pizzaria próximo à minha casa e ouvi o seguinte comentário: "Eita cabelo de... (o restante da frase não consegui ouvir). Eu parei, pensei... minha mãe até perguntou se aquilo tinha sido comigo. Voltei na pizzaria, falei com o gerente e disse que um de seus funcionários estava muito incomodado com meu cabelo. Argumentei que ele não gostar de cabelo crespo, o problema é totalmente dele, pois ninguém é obrigado a gostar de determinado estilo. Mas a partir do momento que tecem comentários sobre tal cabelo, o problema passa a ser meu, pois eu não sou obrigada a escutar comentários de preconceituosos. Eu sai daquele estabelecimento com a ideia de que naquele momento eu revidei a ação, mas ao mesmo tempo, eu resisti.
Coloquei o depoimento em meu Facebook que, para mim, é um meio de empoderamento de negros, crespos que sofrem injúria racial e racismo nesse país da miscigenação, mesmo que na prática isso não aconteça. Por fim, assim como minha rede social, acredito que outros meios como um blog, serve para promover a resistência.
Durante 10 anos eu alisei meus cabelos, eu não me aceitei. Hoje, em plena ascensão desse meu processo de aceitação quanto mulher negra e crespa, eu apenas digo uma frase do poema "Gritaram-me Negra" de Victória Santa cruz: "já não retrocedo".
Mirian Chrystielen
Insta: @miihdesnorta
Minha relação com meu cabelo natural nunca foi das melhores.
Como na maioria das meninas que tem o cabelo cacheado ou crespo vivia em pé de guerra, desde a infância odiava, e dava tudo por um liso absoluto, e consegui, mas isso me custou a saúde do meu cabelo, que começou a ficar fraco e quebradiço, com medo parei de utilizar qualquer produto tipo químico, entrando em uma transição capilar sem saber, com alguns meses nesse período me redescobrir, comecei a cuidar daquela raiz ainda tímida que aparecia chamando minha atenção.
Passei poucas e boas na transição, sofri bastante com aquelas típicas pontas lisas e raiz gritante. Com 1 ano e 3 meses eu fiz o tão esperado BC. Sofri bastante preconceito, na verdade até hj eu sofro muito, se eu for contar pra vcs o que eu passo choraríamos juntas (os), algumas vezes principalmente com as pessoas mais próximas de mim ( típico)
" Ah, pq seu cabelo tá ruim ?"
" Tá muito feio, amarra "
" Vc vai com esse cabelo? "
" Vamos abaixar essa raiz né "
Sei que muitos não falam por mal, são acostumados a achar que o bonito é liso, ou que o volume do cacheado e crespo tem que ser controlados.
Hj tenho exatos 1 ano e 8 meses de transição, e dia 4 de fevereiro completo 6 meses de BC. Pra mim ainda eu estou em fase de adaptação e aceitação, hj sou apaixonada por meus cachinhos, não vou dizer a vcs que é só amor, pq costumo dizer que cabelo cacheado e crespo tem vontade propria, mas hj eu me aceito do jeito que sou.
Pra vc que tá chegando agora, tenha fé e continue, e não entre na transição pq vc acha que tá na moda, ou pq vc quer ficar parecida com alguém famoso, mas entre pq vc quer se assumir, pq vc quer ser você, sem padrões, sem limitações, sem imposições, apenas você.
Esse post foi feito com o propósito de mostrar pra quem ainda não aceita o cabelo cacheado/crespo como um cabelo "normal" e para encorajar as meninas que querem passar pela transição mas tem medo das críticas, dos comentários e dos olhares maldosos. Não se deixem levar pelo que a mídia impõe, seja verdadeira consigo mesma, se aceite e as outras pessoas te aceitarão. O bonito é se sentir bonita por dentro e por fora.
Beijos!
Meus Deus quantas cacheadas lindas, não sou cacheada assim, mais resolvi ficar sem fazer química no meu cabelo.
ResponderExcluirBeijos Tati
www.depoisdodomingo.com
Parabéns pela decisão <3
ExcluirBeijão!
Oi estou visitando seu blog gostei muito e achei muito legal. linda excelente post, amo muito os meus cachos e dos outros rsrssr..já estou seguindo aqui se puder retribui vou ficar imensamente feliz de ter você lá no meu blog!! bjs
ResponderExcluirhttp://www.maniasdekellen.com.br/
Obrigada, linda <3 cachos são poderosos haha
ExcluirVou visitar sim ^^
beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQuantas cacheadas maravilhosas. Representatividade, isso é muito importante!
ResponderExcluirHá dois anos e dois meses, rs, fiz o big chop e já ouvir vários comentários ruins, uma moça chegou a falar com tom de ironia e sorriso na boca "o que aconteceu com seu cabelo? Ele caiu?". Já ouvir muitos "porque você não faz selagem? Seu cabelo ficaria tão bonito!". Mas nenhum desses comentários me atingiram como as pessoas queriam que atingisse.
Eu sempre busco filtrar os comentários bons e tenho em mente que meu cabelo crespo é bonito sim e não, ele não precisa de selagem, as pessoas que precisam aceitar. Acho que quando você carrega esse pensamento contigo, comentário negativo nenhum fará diferença.
Beijooo Day!
penultimoandar.com.br
Comentários ruins sempre virão, o que diferencia é o que pegamos para nós...faz bem em só filtrar as coisas boas, afinal nosso cabelo é lindo!!
ResponderExcluirBeijoooos!
Minha namorada ali oh <3
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